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A Envergent Technologies, uma joint venture dos grupos Honeywell e Ensyn, foi selecionada pela empresa Premium Renewable Technology, da Malásia, para executar o design de engenharia de um projeto para conversão de biomassa de palma em calor e eletricidade. O projeto usará o processo de pirólise rápida desenvolvido pela Envergent. As informações são do TheBioenergySite. No Brasil, as pesquisas dessa nova tecnologia terão início neste ano.

A primeira usina a usar a tecnologia da Envergent na Malásia começa a ser construída neste ano e deverá ficar pronta no início de 2013. A fábrica produzirá bio-óleo, um combustível líquido limpo derivado dos cachos vazios de palma.

A Premium espera que unidades adicionais sejam construídas por volta de 2020.  Estima-se que até lá o projeto vai gerar mil novos empregos e um faturamento anual de US$ 1 bilhão.

A Envergent prestará assistência técnica e identificará estratégias para integração da usina com a indústria de óleo de palma existente na Malásia.

A tecnologia consiste no aquecimento rápido da biomassa à pressão ambiente para produzir um combustível líquido de alto rendimento, que pode ser usado em geradores elétricos ou queimado para geração de calor nas indústrias.

Pesquisas no Brasil
No Brasil, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou que vai financiar um projeto da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) para produzir combustível líquido por meio da pirólise rápida da biomassa. De acordo com o coordenador do Núcleo de Biocombustíveis da Uema (UemaBio), professor Hamilton Jesus Santos Almeida, a tecnologia é mesma empregada pela Envergent na Malásia.

Serão investidos cerca de R$ 750 mil no projeto, que deve começar neste ano. “Iniciaremos com pesquisas e ensaios, principalmente com relação a monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado”, explica o professor.

O Maranhão é considerado um dos estados com maior disponibilidade de matéria-prima para produção de bio-óleo: cascas de arroz, de mandioca e de babaçu, cachos vazios, folhas de palmeira de babaçu, sarrafo de serrarias, resíduos agroflorestais e outros de importância econômica.

“Estamos em parceria com a Bioware Tecnologia, pequena empresa de base tecnológica incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)”, conta Hamilton Almeida. O coordenador do UemaBio defende a criação de uma incubadora similar na Uema, para estimular o desenvolvimento da tecnologia, com o apoio do setor empresarial maranhense. A iniciativa também criaria estudos sobre melhoramento da qualidade de bio-óleo gerado por este processo, para no futuro incorporá-lo à refinaria do Maranhão e ao complexo industrial do estado.

O estudo visa à avaliação técnica e econômica da pirólise rápida. “Mediante este processo de conversão termoquímica será possível transformar resíduos agrícolas e agroindustriais em produtos com maior valor agregado”, diz o professor. “Dessa forma a produção de um derivado líquido que pode ser facilmente armazenado e transportado é, com certeza, a principal vantagem da pirólise rápida em comparação aos outros processos de conversão termoquímica da biomassa.”

O que é o bio-óleo
De coloração negra e alta viscosidade, o bio-óleo pode ser usado para produzir energia elétrica, aquecimento doméstico, fertilizantes orgânicos, aditivos para combustíveis e, após o refino, combustível em si. É obtido pela degradação da biomassa a 500 °C, na ausência de oxigênio. Segundo a Envergent, todo o processo dura menos de dois segundos. Carvão e ácido pirolígneo (que pode ser transformado em metanol, acetona e vinagre) estão entre os subprodutos da reação.

Cerca de 70% da biomassa (o percentual varia conforme a matéria-prima utilizada) se transforma no bio-óleo, que apresenta propriedades físico-químicas semelhantes às do diesel, com a vantagem de emitir 50% menos poluentes que os combustíveis de origem fóssil, e pode substituir o petróleo como matéria-prima de vários produtos. O governo americano aposta no bio-óleo como alternativa para reduzir em até 30% o consumo anual de petróleo dos EUA.

Ari Silveira - BiodieselBR.com

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